sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Reunião de 16 de Outubro de 2009


      Tivemos a presença do seminarista Auí, que depois se veio a revelar muito útil. No início acertámos pontos sobre actividades do grupo.
      Porém, a reunião teve por base o nosso patrono, J.B.Scalabrini, apresentada por Auí.
      Existem muitas coisas a dizer sobre Scalabrini, mas deixamos-vos aqui apenas aquelas que retivemos como mais importantes e que foram novidade:

  • Vivia na Lombardia, região no Norte de Itália.
  • Entrou para o seminário aos 18 anos e foi ordenado aos 23anos, o que naquela altura era grande prodígio, pois a idade normal era aos 24.
  • Sempre teve uma grande atracção por conhecer outras línguas, e talvez isso tenha sido o começo para a missão e o papel que veio a ter.
  • Conseguiu ter uma das maiores paróquias de Itália, mas isso não seria nada de extraordinário se não fosse o facto de esta ter na sua maioria operários comunistas.
  • Foi nomeado bispo graças a São João Bosco.
  • Ainda existe um instituto de linguagem gestual com o seu nome.
  • Tinha uma grande devoção por nossa Senhora. Confessava-se quase todos os dias.
  • Não fazia política, mas preocupava-se com isso e chegava a ter conversas com políticos.
  • Foi beatificado em 1997. Quando um santo é beatificado, o seu corpo é exumado e exposto. Embora o seu corpo estivesse intacto, foi feita uma máscara em prata, para que não quase impressão olhar para o seu rosto.
  • Morreu com 60 anos. Houve uma grande crise após a sua morte para a congregação, porque queriam fechá-la, afirmando que as migrações iam acabar. Isso contribuiu para que a congregação se abrisse a outros povos, para além dos italianos.
  • Hoje em dia, a congregação está virada para os países em desenvolvimento, realizando trabalho em portos. Trabalham em ONG’s. 



Um vez que estamos no ano sacerdotal, o Auí deu-nos o seu testemunho como seminarista:

"A minha vida não é e não foi muito diferente do que as vidas de muitos de vocês. Até os 18 anos fui um rapaz filho duma família de professores que eram, como muitos, católicos, mas não praticantes. Íamos a missa uma vez por ano ou quando havia alguma festa. Eu fui baptizado junto com os meus irmãos quando tinha 5 anos e aos 14 ainda não tinha feito a primeira comunhão. Acho que nunca fui extremamente religioso, mas alguma coisa fazia com que eu fosse atraído pela Igreja.
A primeira lembrança forte que tenho de Deus foi quando vi a minha bisavó chorar como se alguém da família tivesse morrido durante a procissão da Sexta-Feira Santa. Isso causou-me uma grande impressão… penso que foi o momento no qual a semente da fé começo a crescer em mim.
Depois o tempo passou, eu continuei com a minha vida na escola, com as namoradas e os amigos. Aos 14 anos quis começar a catequese para fazer a primeira comunhão porque achava estranho que muitos a fizessem e eu não. Então comecei e foi lá que conheci os diferentes grupos da Igreja, sobretudo o grupo dos acólitos. Acho que naquele momento comecei a namorar com a Igreja, comecei a frequentar grupos de oração e as actividades do Santuário onde fiz a minha caminhada de fé.
Depois, isso começou a ser pouco. Às vezes passava mais tempo na Igreja do que na minha casa, comecei a ler história da Igreja, vida de santos, gostava muito de ouvir o meu bispo pregar, mais ainda assim sentia um vazio na minha vida. Entre tanto, tinha as crises da adolescência, uma relação difícil com a minha família e também muitas dificuldades na escola com as descobertas que um miúdo com aquela idade faz sem ser acompanhado. Não obstante, uma boa catequista e bons amigos na Igreja ajudaram-me a perceber que tinha de fazer-me uma pergunta: o Senhor chama-me? Eu sempre me considerei demasiado insignificante para ser um servidor de Deus, mas Ele era mais forte do que eu e não consegui dizer que não.
Tentei entrar no seminário diocesano da minha cidade, mas já tinha começado os estudos preparatórios (tinha 16 anos), pelo que o reitor me pediu para esperar mais dois anos até terminar a escola fora do seminário menor. Eu tive então uma das piores crises da minha vida, senti-me decepcionado como se Deus me rejeitasse e deixei de ir à Igreja, mas por pouco tempo porque a minha necessidade era maior do que o meu orgulho.
Um ano depois conheci os scalabrinianos por intermédio doutros acólitos que já os conheciam. O Pe. Romano, que é irmão do Pe. Pedro Cerantola que já foi pároco aqui, acompanhou-me por quase um ano. Participei em alguns encontros com outros jovens; em Julho de 2000 fiz o pré-seminario e em Agosto desse ano comecei a minha formação. Eu não conhecia bem os scalabrinianos e a vida religiosa, e, as vezes, era um pouco polémico com algumas coisas que não percebia totalmente, como o estudo da vida de Scalabrini que achava não importante, mas depois compreendi que era importante para a nossa família, para a nossa missão e também para a Igreja.
Pela minha sensibilidade fui sempre atraído pelas questões sociais e quando decidi entrar no seminário uma coisa que me empurrou foi precisamente isso, já que na minha terra muitos padres estão comprometidos com os mais pobres. Sem eu saber, a Providencia me guiou para uma congregação onde a minha vivencia da vida cristã e a minha sensibilidade leiga, por assim dizer, estão bem entre fé e acção."

Ahuízotl Ulises Cruz Montes, cs

Maria Inês Freitas

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